Prisioneiros na própria casa !



Hoje em dia fala-se muito em “Prisão domiciliária” (Hoje em dia fala-se muito sobre muita coisa, e este assunto está inserido em todo esse conjunto), “Pulseiras electrónicas” e todo um grupo de outras coisas relacionadas com este tema...

Mas infelizmente, no meio de tanta discussão social, ninguém fala de um grupo de pessoas que são obrigados a permanecer nas suas próprias residências por tempo indeterminado: Falo obviamente.... das pessoas que aguardam entregas em casa.

Certamente já passaram pela experiência de adquirir algo (seja numa loja seja via internet) e quererem que seja entregue ao domicílio. Ora, findo o acto doloroso do pagamento, segue-se outro passo não menos doloroso... a marcação “do dia”.

“O dia” é aquele dia mágico em que finalmente o produto adquirido anteriormente passa a ser efectivamente nossa propriedade, pois é-nos entregue “em mãos”.

Mas, meus amigos, lá diz o ditado que “não há bela sem senão”. Para chegar a esse momento desejado que é o acto de entrega, é colocada a fatídica questão: “Então e quando é podem ir lá (a casa) entregar”?

E a resposta aí vem, qual “bomba” pronta para nos atingir: Pode ser no dia “x”, no período de manhã... ou de tarde...

Caros leitores... Não se iludam... Perante as opções que nos são colocadas, não há escolha certa, e isto porque “período de manhã” ou “período de tarde” na verdade são intervalos de várias horas e minutos em que qualquer dos vários pontos desse intervalo pode ser o ponto em que finalmente ouvimos o som da campaínha anunciando a chegada dos transportadores.

E se o infeliz consumidor tem a ideia de perguntar “então, mas não podemos marcar uma hora fixa”? ou “Não me podem dar um intervalo de tempo mais estreito”? A resposta, podem ter a certeza, será sempre... NÃO.

Mas “não” porquê? Porque... “não”...

Imaginando que escolhemos o “período de manhã”, este tanto pode ser das 9:30h (por ex) até ás 12:30h (ou mais tarde). Isto significa que tanto podem aparecer ás 9:30h, como... ás 12:30h, ou mesmo 10h, ou 10:10h, ou 11:05h ou à hora que quiserem... dentro desse intervalo. E a frase chave é mesmo “à hora que quiserem”.

E assim chegamos aquele ponto em que um inocente consumidor se transforma...num prisioneiro domiciliário.

Claro que podem dizer que o consumidor pode colocar “a culpa do seu crime” noutra pessoa, fazendo com que esta outra cumpra a sua “pena de prisão”, mas seja como for, não há volta a dar: Haverá sempre um prisioneiro.

Seja quem for que esteja preso numa casa, como o próprio titulo sugere, não pode fazer nada... Pelo menos, nada que o impeça de receber esse fantástico serviço de entregas.

Até quando irá esta situação continuar, é dificil de dizer. Mas certamente não acabará tão cedo. O coro de protestos vai aumentando. Há-de chegar o dia em que seremos livres, como dizia uma certa canção: “Soltem os prisioneiros...”.

Ao menos outras pessoas em (verdadeira) prisão domiciliária têm definido um tempo certo em que têm que permanecer nessa condição.

O neurónio quer é liberdade...

RMS

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