as disco-lojas

Hoje em dia, andar num centro comercial, ou entrar numa qualquer loja pode ser, além da experiência comercial, ser também uma experiência musical / cultural.

Parece-me que quem trabalha numa loja além de fazer o óbvio, quer também oferecer-nos algo mais: Partilhar conosco os seus gostos culturais, nomeadamente os musicais. Isto implica também, de certa maneira, conhecer mais profundamente quem está por detrás do balcão. No fundo, querem ser não os nossos vendedores, mas nossos novos amigos.

Todo este processo não é obra do acaso. Está tudo pensado para nos agradar. É uma transformação. É uma evolução(?). Pretendem passar do simples nível de "loja" para o nível de "disco-lojas", ou seja: Um "mix" de "discoteca" e "loja".

Além do (algum) elevado nível sonoro existente em algumas lojas (noutras o "algum" passa a "muito"), a qualidade das compilações musicais (com certeza todas, legais) pode ser algo duvidosa para alguns, a não ser que seja um cliente habitual da discoteca da moda.

Mas isso não parece incomodar os "disco-vendedores" que querem que os conheçamos melhor, permitindo-nos entrar no seu mundo privado. Permitem-nos saber do que é que gostam, o que ouvem, que género de pessoa são. Não querem ser uma cara desconhecida que opera a caixa registadora. Querem sair do anonimato. Por isso, mostram-nos o seu lado mais humano, através da música.

Claro que podiam mostrar o seu lado humano através por ex da boa educação e da atenção para com o cliente, mas devem-se ter esquecido de mencionar esses pontos na sua formação(?).

Uma nota de atenção para este último aspecto: Não confundir "atenção para com o cliente" com o "vendedor-lapa" que nos segue em todos os cantos da loja.

Um corredor num centro comercial, com lojas de um lado e outro, permite-nos ficar a conhecer um vasto universo musical (com géneros que variam de loja para loja) por explorar, bem como um universo de sistemas sonoros diferentes, e consequentemente, com níveis de qualidade diferentes. Querem-nos "educar", mostrando-nos o que há de bom e mau no mundo da música. Não querem só vender-nos a camisola. Querem ajudar-nos a escolher a nossa próxima aparelhagem e os próximos discos que vamos comprar. Eles preocupam-se.

Claro que pode haver clientes que queiram só... comprar a camisola sem ouvir em alto som o último sucesso das pistas de dança. Mas aí, a experiência comercial iria resumir-se à passagem do cartão pela máquina e um "obrigado" por parte do vendedor. Que raio de local seria esse?? Seria apenas uma mísera e normal... loja !

Infelizmente parece que as "disco-lojas" vieram para ficar dando cada vez mais ênfase à parte do "disco".

Observando esta situação poder-se-à concuir que o próximo passo lógico talvez seja abrir lojas dentro das discotecas. Uma ideia a explorar? Talvez...

RMS

P.S.
E já agora um último apontamente não relacionado com música, para quem faz a gestão da temperatura nos centros comerciais, ou nas lojas... Existem posições intermédias entre o "pólo norte" e o "deserto escaldante".

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