75 minutos

Com certeza alguns leitores do "neurónio" estarão familiarizados com um programa americano de "reportagens especiais" intitulado "60 minutes" (60 minutos). Para quem não conhece, neste programa durante uma hora fala-se sobre alguns temas da actualidade americana e internacional.

Em Portugal, o nosso modelo é outro... São os "75 minutos".

Segundo o semanário "Sol", um Telejornal em Portugal, em "horário nobre", dura 75 minutos, isto incluindo os "fabulosos intervalos" de 15 minutos (às vezes mais - TVI).

Já uma vez um jornalista de uma estação referiu que hoje em dia não existem "Grandes reportagens", mas sim "Reportagens grandes" (Finalmente um jornalista diz algo acertado).

Ainda hoje (08/10/2006) no telejornal da hora do almoço da SIC, uma noticia sobre um mecânico que estava a reparar um camião, refere que este sofreu um acidente durante esse processo. A noticia demorou poucos minutos, pois só havia isso mesmo a dizer. Terminou aí? Nada disso, pois imediatamente a apresentadora referiu que já havia uma equipa a deslocar-se ao local, no Cartaxo.

Eis que passado algum tempo, a referida equipa entra em cena, no telejornal, para dizer... o que nos havia sido dito pela apresentadora, há uns minutos atrás.

É um pequeno exemplo que ilustra bem o que se passa na generalidade dos telejornais, e que aliás já mereceu referência noutros textos do neurónio: EXCESSO de "Directos".

E já agora, há que referir que um acidente é sempre trágico, obviamente. Mas o que aconteceu foi realmente de tal importância que mereça tanto destaque? Será esta, uma das noticias MAIS importantes do país, neste Domingo??

Algo que também já mereceu destaque no neurónio foi a famosa frase muito ouvida nos nossos telejornais: Mas vamos recordar como tudo aconteceu . Desta vez a "notícia vencedora" foi o famoso e televisivo "Apito Dourado".

Por isso, e não querendo imitar os telejornais, o neurónio deixa só uns conselhos aos senhores (e senhoras) jornalistas:

1 - Melhor selecção das notícias a transmitir
2 - Menos directos (Especialmente quando não trazem nada de novo à notícia)

Os espectadores, e o neurónio, agradecem

RMS

P.S. Ah, e já agora, para as televisões em geral: Intervalos mais curtos, por favor